terça-feira, maio 31, 2005

A Ribeira de Canha e o Rio Almansor. Descubra as diferenças


Troço do rio junto à ponte de Évora

O pequeno ribeiro que actualmente conhecemos como Rio Almansor era conhecido desde, pelo menos, 1181 até finais do século XIX como Rio Canha ou Ribeira de Canha. Penso que a mudança de nome deve estar relacionada com o revivalismo islâmico a que se assistiu no século XIX e com uma tentativa de conotar a terra com uma personagem histórica dessa época.
Outro facto curioso sobre este curso de água é a sua designação. Até há algum tempo era conhecido como Ribeira de Canha. Agora chama-se pomposamente Rio Almansor. Quem o conhece sabe que de Rio tem pouco. No Verão está quase sempre seco e no Inverno, só em anos anormalmente chuvosos, atinge um caudal considerável. Mas nem sempre foi assim.
Transcrevo de seguida excertos das Memórias Paroquiais que se fizeram por todo o país em consequencia do grande terramoto de 1755 e que descrevem muito bem as características do Rio/Ribeira no século XVIII.
"(...) a caudeloza ribeira, que cinge, cerca e rega toda a raís do monte (Castelo) pela parte do sul que a faz todo o anno delicioza com a corrente de suas agoas.
Este he o celebre rio Canna, que ainda que não he dilatado o seu nascimento, contudo he arrebatado nas suas correntes, por virem por entre pinhascos, sendo estes mesmos a cauza de não poder ser navegável.
(...)
Tem este rio duas pontes huma chamáda de Alcaçar do Sal (...) e a a outra he a ponte de Evora (...). Tem por todo o termo desta villa the a hum citio chamado Castellos Velhos 28 moinhos, fora alguns que estão cahidos, e dois pisões. E as pontes são de cantaria.
He provida da multidão de seos pexes, com que se divertem os moradores deste povo, e de diversas especies como são bordálos, picões e barbos, e outros com diversos nomes, que por pequenos os não nomeyo. Todo o anno se pescão sem que haja pescarias obrigadas a algum senhor particular"
(1)
E era assim o nosso Almansor no século XVIII.


(1)in Almansor, N.º 3, 1985;

segunda-feira, maio 30, 2005

Rua da Mancebia



Era aqui, na actual Rua da Paz, que se situava a mancebia medieval de Montemor-o-Novo. As mancebias ou putarias localizavam-se normalmente perto de estalagens e mercados e tal como o nome indica eram os locais onde se concentravam as residências de prostitutas. Esta actividade era assim mais fácil de controlar, diminuindo-se o risco de distúrbios na via pública.
Em Montemor, a mancebia localizava-se á entrada do Arrabalde e junto das estalagens que certamente se situavam na zona do Rossio. Localizava-se ainda no seguimento de uma das ruas mais movimentadas da época - a Rua dos Mercadores.

Novo BLOG de fotografias

Visitem-no aqui!!!

domingo, maio 29, 2005

Há 280 anos...


Que este relógio de sol cumpre, solitariamente, a sua missão.
Na antiga Igreja paroquial de S. Gens.

sexta-feira, maio 27, 2005

A Anta-Capela de S. Brissos



A anta-capela de S. Brissos, ou de Nossa Senhora do Livramento, no Concelho de Montemor-o-Novo, constitui um curioso exemplo da adaptação, no século XVII, de um monumento megalítico (anta) a uma capela de culto Cristão. Do primitivo monumento é ainda possível identificar a laje de cobertura e cinco esteios, bem visíveis, embora rebocados e caiados. Se olharmos com atenção é ainda visível parte da mamoa que cobria o monumento.
Até há bem pouco tempo, esta capela continuava a ser lugar de encontro e de romarias. Fruto da magnífica paisagem envolvente, era costume, na 2.ª Feira de Páscoa, aqui se vir comer o assado de borrego. Também na quinta-feira da ascensão, depois da colheita da espiga, aqui se juntavam grupos de pessoas de S. Brissos, Escoural e Casa Branca para merendarem pela tarde fora.



Em anos de seca faziam-se procissões à Senhora do Livramento a pedir chuva. Segundo uma lenda, a Nossa senhora do Livramento e S. Brissos tiveram um filho, mas o santo traiu-a com a Senhora das Neves. Quando as populações querem chuva vão buscar a Senhora do Livramento, ou Senhora da anta, à capela deixando lá o seu filho. Trazem-na para a Igreja de S. Brissos onde é colocada de costas para o Santo. São as lágrimas que verte por estar longe do filho e perto do santo que fazem com que chova.
As antas-capelas testemunham, no fundo, a forma como Cristianismo nas zonas rurais teve que assimilar as antigas tradições populares que assim conseguiram sobreviver embora com outros nomes e formas.



Aconselho uma visita à anta-capela de S. Brissos nos meses de Abril, Maio. A paisagem é sempre magnífica, mas nesses meses, e em anos normais, as flores invadem totalmente a paisagem, com campos salpicados de cor, a perder de vista.

quarta-feira, maio 25, 2005

O Pelourinho de Montemor-o-Novo

Os pelourinhos constituíam, em todas as vilas e cidades portuguesas, o centro da vida civil de uma comunidade. Situados normalmente em praças ou terreiros do centro das povoações, era aí que eram julgados os criminosos e era aí que se reunia a população em tempos de crise.
Também Montemor-o-Novo teve o seu pelourinho, embora actualmente este se encontre desaparecido.
A referência mais antiga que conheço em relação ao pelourinho de Montemor data de 1519, altura em que D. Manuel manda erigir um novo pelourinho em pedra, mais de acordo com a importância que a vila assumia, visto que o antigo pelourinho “he de huum paao e que esta quebrado”. Este pelourinho situava-se no chamado Terreiro do Pelourinho, provavelmente o mesmo terreiro a que chamavam Praça e que constituía o centro político e económico da vila intra-muros de Montemor.
Em 1725, com a vila intra-muros já bastante arruinada e desertificada, o Pelourinho é transferido para a Praça Velha (vide o post dedicado a esta praça no dia 3 de Maio, neste blog), uma vez que esta era nessa altura a praça mais central do arrabalde, sendo aqui também que se realizavam os mercados.
Poucos anos depois, em 1749, o pelourinho é novamente transferido para o Largo dos Paços do Concelho, onde se encontravam já a funcionar a Câmara e a Cadeia.
Nos finais do século XIX ainda se encontrava neste Largo, como o atesta a fotografia.



O Pelourinho deveria localizar-se sensivelmente onde actualmente se encontra a pequena rotunda que liga a antiga Rua Direita e o Largo dos Paços do Concelho.
Desconhece-se no entanto quando foi retirado e onde foi colocado.

terça-feira, maio 24, 2005

Exposição "Tesouros do Castelo"



Apesar da qualidade das fotografias não ser realmente nada boa, a exposição foi um sucesso. Por ela passaram, ao longo de três dias, vários milhares de pessoas que assim puderam comprovar que no seu castelo não existem só uns muros a cair e de ano a ano se faz uma feira medieval. Existe um projecto de arqueologia, que apesar dos poucos anos de vida, pôde já trazer à luz do dia uma série de objectos de grande importancia histórica e arqueológica para o concelho e inclusivamente para o país. Esta foi, sem dúvida uma das melhores oportunidades de dar a conhecer aos montemorenses, o trabalho levado a cabo todos os verões, por uma equipa de jovens voluntários de Montemor e de outras localidades que participam nas campanhas anuais de escavações arqueológicas no Castelo.
Um muito obrigado a cada um das dezenas de jovens que por aqui passaram nos últimos três anos!

segunda-feira, maio 23, 2005

A Feira em imagens















O que as imagens não mostram!


Os sons



Os cheiros


e os sabores!

quinta-feira, maio 19, 2005

Últimos preparativos!



A mouraria está quase pronta


O cerco ao castelo também já está montado. É só um trabuco, mas faz alguns estragos...




Amanhã este espaço estará ocupado com os jogos tradicionais.
Por aqui passarão mais de quinhentas crianças entre os 2 e os 10 anos, antes da visita à exposição


Esta exposição vai, este ano, ser a grande novidade da Feira Medieval. Apesar de integrada numa feira medieval, não se pretende que esta seja uma exposição medieval. Ela é sobretudo uma exposição que assume a modernidade, mas tentando, de uma forma didáctica, elucidar os visitantes do modo de viver da época medieval. Chama-se Tesouros do Castelo porque para além dos objectos de uso quotidiano da época medieval, ela contem algumas peças de qualidade e raridade inegáveis, encontradas nas escavações do Castelo e que ainda não foram expostas. Espero que os visitantes gostem tanto como quem a concebeu e montou.
Deixo para mais tarde as fotos da exposição!

BOA FEIRA MEDIEVAL!!!

e para os mais afortunados

BOM FESTIVAL ISLÂMICO!!!

quarta-feira, maio 18, 2005

Feira Medieval (Preparativos)


Já temos as bandeirinhas


O Forno do pão também já cá está.
Pelo menos fome não passamos.


Como ainda não encontrámos nenhum original, temos que fazer e utilizar réplicas (Jogo do Moinho)


Já se preparam os canhões para o assalto à fortaleza


E eis que oitocentos anos depois os nossos irmãos muçulmanos voltam. Se nós não vamos até Mértola, Mértola vem até nós.

segunda-feira, maio 16, 2005

Pôr-do-Sol



No Convento dos Monges

Adenda ao último post

Sei que a Feira Medieval ( muito, mas mesmo muito infelizmente) calha no mesmo fim de semana do magnífico Festival Islâmico de Mértola, ao qual, dadas as circunstâncias, não vou poder ir, mas não deixem de visitar a feira. Merece. Nem que seja só para ver este castelo magnífico cheio de gente, e claro a exposição de arqueologia na Igreja de S. João Baptista, junto ao Paço dos Alcaides.

sábado, maio 14, 2005

Aviso à "navegação"

Dentro de seis dias, este belo e desértico cenário, estará cheio de gente.



É que na próxima sexta-feira, dia 20 de Maio terá lugar a terceira edição da Feira Medieval de Montemor-o-Novo. Nessa altura o Castelo estará a abarrotar de feirantes, malabaristas, bobos da corte, mendigos, cavaleiros com os seus respectivos cavalos e mais não digo para não quebrar a surpresa. Para além disto haverá ainda uma mais-valia a nível histórico e arqueológico desta iniciativa. Na Igreja de S. João Baptista estará patente ao público uma exposição de arqueologia intitulada "Tesouros do Castelo" e mais também não posso dizer. Venham a Montemor, subam ao castelo e desfrutem da vista e sobretudo da feira.

sexta-feira, maio 13, 2005

Montemor-o-Novo, Vila Notável

Na sequência de um pedido, por parte dos representantes de Montemor ás cortes de Lisboa de 1562, D. Sebastião promove Montemor a “Vila Notável”. Nesta altura havia no reino cerca de 15 vilas notáveis, o que atesta a importância de Montemor, ainda na segunda metade do século XVI, no contexto nacional.

E são estas as razões porque era Notável a vila de Montemor:

- Lugar antigo e muito povoado (No numeramento de 1527, só no interior da cerca habitavam cerca de 3600 pessoas);
- Lealdade dos seus habitantes;
- Possuir muitas igrejas, mosteiros, templos e casas nobres (nesta altura existiam na vila 5 mosteiros e outro no concelho);

Transcrevo de seguida, integralmente, a carta enviada pelo Rei D. Sebastião à Câmara de Montemor e assinada pelo Cardeal D. Henrique, por nessa altura D. Sebastião ainda se encontrar na menoridade.

Esta carta encontra-se actualmente no Arquivo Histórico Municipal de Montemor-o-Novo, tendo sido transcrita pelo seu director, o Dr. Jorge Fonseca.



Trascrição:

“Dom Sebastiam per graça de Deos Rey de Portugal e dos Algarves d’Aquem e d’Alem Mar em África, Senhor de Guiné e da conquista, navegaçam e comerçio de Ethiopia, Arabia, Perssia e da India. Aos que esta minha carta virem faço saber que os offiçiaes da Camara e pessoas da governança e povo da villa de Monte Mor o Novo me enviaram pedir por merçe per huum dos capitollos particulares que pellos seus procuradores me foram apresentados nas cortes que fiz nesta cidade de Lixboa o anno passado de mil quinhentos sassenta e dous que quisesse fazer à dita villa notavel e avendo respeito à dita villa ser lugar antigo e de grande povoaçam e aos muitos serviços que os moradores delle tem feitos a estes reinnos e aos reis meus antecessores e aos que espero que ao diante façam a mim e a meus sub cessores e asy avendo respeito à dita villa ser povoada de muitos fidalgos cavalleiros e pessoas de nobre geraçam e da criaçam dos reis destes regnos e acompanhada doutro muito povo e çercada e nobreçida de egrejas templos e moesteiros e de muitos outros edeffiçios e casas nobres e por concorresem estas e outras callidades per que bem mereçe e cabe nella a honra e preminençia que pedem e por folgar de lhes fazer merçe, ey por bem de a fazer e faço notavel e quero e me praz que daqui em diante se chame e posa chamar notavel e que os moradores della gozem e usem e possam usar e gozar de todas as graças honrras preminençias e liberdades de que per dereito e pollas ordenações usanças custumes e foraes destes reinnos podem e devem gozar os moradores das villas notaveis delles as quaes mando que lhe sejam inteiramente guardadas e por çerteza dello lhe mandei dar esta carta asinada per mim e asellada do meu sello pendente. E mando a todas as justiças e pessoas de qualquer calidade que seiam que em tudo a cumpram e guardem e façam inteiramente comprir e guardar como se nella conthem. Dada na çidade de Lixboa a xx dias de Março anno do Nasçimento de Nosso Senhor Jhesus Christo de mil quinhentos sassenta e tres. Antonio d’Aguiar a fez, Pero Fernandez a fez screver.

[ Ass.] O Cardeal Iffante

Carta per que vossa Alteza ha por bem de fazer notavel à villa de Monte Mor o Novo”


Fonte: Catálogo da Exposição "Um objecto, uma história, mês a mês", ed. da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo.

Lenda da Torre da Má-Hora



São muitos os turistas e grande parte dos montemorenses que se perguntam o porquê daquela torre e daquela porta (do Castelo) se chamarem "Má-Hora". Para os que não sabem aqui vai a história, ou melhor, a lenda.
Quando D. Afonso Henriques se encontrava, com o seu exército, a sitiar a povoação islâmica de Montemor, uma noite, um mouro esqueceu-se de trancar aquela porta. O exército de D. Afonso Henriques, reparando na falta do mouro, aproveita para atacar e tomar Montemor, entrando por essa porta. O nome "Má-Hora" vem então da má-hora em que esse mouro se esqueceu da porta aberta.

quarta-feira, maio 11, 2005

CHUVA



BEM-VINDA CHUVA.

PARA QUE, ENTRE MUITAS OUTRAS COISAS NECESSÁRIAS, DURANTE A FEIRA MEDIEVAL, O CASTELO ESTEJA VERDE E COBERTO DE FLORES.

terça-feira, maio 10, 2005

Púcaros de Montemor

Montemor-o-Novo conheceu ao longo da sua história uma importante comunidade oleira que atinge o seu auge no século XVI. Este foi, aliás, o século de ouro da então vila de Montemor-o-Novo. O apogeu da olaria montemorense foi, em parte, consequência do grande sucesso que, na capital do reino, atingiram os púcaros fabricados em Montemor.
Carolina Michaëlis de Vasconcellos, no seu livro “Algumas Palavras a respeito de Púcaros de Portugal” refere a fama destas peças cerâmicas desde, pelo menos, a primeira metade do século XVI.

Em 1526, D. Isabel, filha do rei D. Manuel e futura mulher do imperador Carlos V, leva como dote de casamento, entre outras coisas “...17 piezas de bucaros de Montemayor; outra pieza grande que es un jarro grande de Montemayor, a manera de botija;...”. Segundo a autora anteriormente referida, este é o exemplo mais antigo da utilização da palavra “búcaro”, ou seja, púcaro.

Segundo Isaura Carvalho , do inventário da Infanta Beatriz (1507) constam igualmente “...vinte e dous púcaros de barro, trinta e seis púcaros e outros apedrados..., trinta e nove púcaros de Montemor...”.

Mas é Duarte Nunes de Leão na sua “ Descrição do Reino de Portugal” que melhor define os púcaros de Montemor: “alem destes (…) há outros de barro fino, & de excellente cheiro de que se fazem pucaros & outros vasos maiores para beber & ter agoa, de muitas feições & de gentil talho, de que dam o primeiro lugar aos de Lisboa, por o bom cheiro que de si dam a quem por elles bebe. Outros sam após estes os de Montemoor o novo que em cheiro lhes nam dam lugar, porque sam pucaros que nunqua sam velhos como os de outras partes: & a razão he que sam feitos de barro mui cheiroso & amassados com muitas pedrinhas que parece que sam tantas as pedras como o barro: dos quaes quando querem usar, os roçam primeiro com huma pedra, & assim descobrem outras mais pedras, & fica novo barro: & assi cada vez os que querem fazer novos, que tenham o cheiro que tinham quando novos, os tornam a roçar & começam apparecer outras pedrinhas”.

P.S.- Prometo que amanhã ou quinta-feira posto uma fotografia de um púcaro de Montemor.

segunda-feira, maio 09, 2005

Catavento


Na aldeia de Santa Sofia, entre Montemor e Évora existe este curioso catavento. Uma vez que a fotografia está péssima, passo a explicar. Representa uma cena de caça, com o caçador ao fundo, o cão ao centro e em primeiro plano uma lebre que se percebe muito mal.
É um curioso catavento e para qual desconheço paralelos.
E parece que em dias de vento funciona na perfeição, com o caçador e o cão alinhados na direcção da lebre

domingo, maio 08, 2005

Rua de Quebra-Costas



Para quem não sabe, o nome desta famosa rua do Centro Histórico não está ligado ao facto da sua subida ser difícil ou de se partir as costas ao subi-la, mas sim ao facto de esta rua vir cortar a encosta muito íngreme que ali existe.
Só possuímos referências conhecidas para esta rua no século XVII, no entanto, penso que deve ter sido construída ainda durante o século XV. Neste século estavam já activas as duas praças da vila – a Praça Nova no Castelo, mas fora de muralhas e a Praça do Arrabalde, actualmente, o largo da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila. A Rua do Quebra-costas seria assim a via mais directa para ligar estes dois importantes pólos das actividades sociais e económicas de Montemor quinhentista.

Aconselha-se aos visitantes de Montemor a evitarem a subida ao Castelo por esta rua. Não se partem as costas, mas que o coração, os pulmões e as pernas chegam lá em muito mau estado, isso chegam!

Terreiro das Portas do Sol



O Terreiro das Portas do Sol que já se chamou Largo Serpa Pinto e hoje se chama Largo General Humberto Delgado já existia em 1582. A designação Portas do Sol está relacionada com o facto de se situar numa das entradas para o arrabalde voltada para Nascente.
No século XVII, e como alternativa à Praça Nova, aqui se faziam mercados de géneros alímentícios.
Os mesteres do Povo diziam, em 1662, que "nesta vila havia anos se tinha feito praça na Porta do Sol, para nela se venderem todas as coisas de comer, de pão e frutas verdes e secas", pois os vendedores "não queriam ir vender á Praça Nova de cima, á vila (...) em respeito de ser muito longe" e ser por isso "bem comum do povo, assim para os que vinham a vender como para a gente desta vila e de fora e das passageiras, por estar em meio das estradas". (Ora aqui está um dos motivos para a saída da população da vila de cima para o arrabalde e consequente despovoação do Castelo).
Para suprir a falta de géneros alimentícios, em 1673, a Câmara obrigou a que todos os sábados, se fizessem, na Porta do Sol, as vendas de galinhas, frangos, ovos, queijos grandes e pequenos, caça e outros géneros alimentícios sem, que para isso, os mercadores tivessem que ir à almotaçaria mostrá-los antes de os vender.
Nos séculos XVI e XVII, aqui haviam paços de venda de cereais.
Era aqui também que, pelo menos desde o século XVII, e até há algumas décadas se faziam mercados de trabalho. Em 1670 a Câmara de Montemor proibiu os trabalhadores agrícolas de se irem oferecer para trabalhar, enquanto os "cegadores de fora" aí estivessem. Os cegadores de fora eram trabalhadores que vinham do norte ou da Beira trabalhar sobretudo por altura das ceifas e que ganhavam menos que os trabalhadores locais. Daí a preocupação da Câmara em separar os dois grupos de modo a evitar a subida de salários dos trabalhadores de fora.

Actualmente aqui se encontra o monumento aos combatentes de Montemor falecidos na I.ª Guerra mundial.

Fonte: Fonseca, Jorge (2000) - "Toponímia e urbanismos em Montemor-o-Novo (séculos XV-XIX)", in Almansor, N.º 14, 1.ª série;

terça-feira, maio 03, 2005

Praça Velha



A Praça Velha ou Praça do Peixe é uma das mais antigas praças da vila extra-muros de Montemor. Já existia em 1476, sendo então chamada de Praça do Arrabalde. Ligava directamente á Praça Nova, no Castelo, mas fora de muralhas, através da Rua de Quebra-Costas. Era aí, na Praça Nova que se faziam os mercados de peixe, carne, frutas e legumes.

No século XVIII, quando o Castelo era já uma área praticamente abandonada, a Câmara transfere para o arrabalde todas as estruturas e serviços que ainda funcionavam na vila intra-muros. Aqui se encontrava entre 1725 e 1749 o Pelourinho da vila, entretanto desaparecido. Ao tempo de João V aqui se realizava um mercado de géneros alimentícios todas as quintas-feiras.
Nesta praça funciona actualmente a Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Vila, no antigo edifício da Almotaçaria e de Ver-o-Peso.



A merecer destaque nesta praça encontra-se ainda a ermida de N.ª Sr.ª da Paz, um dos percursos da Procissão dos Santos Passos



e uma casa quinhentista popular com janela de balcão geminado.