terça-feira, abril 29, 2008

Não vou tecer comentários

acerca da organização de uma certa universidade portuguesa.

Parece que eu e os meus colegas vamos ter uma aula no dia 1 de Maio. Parece que no dia 2 de Maio eu os meus colegas vamos ter duas aulas simultaneamente(o dia inteiro). Parece também que nos dias 3 e 4 de Maio (Sábado e Domingo) eu e os meus colegas vamos ter aulas. Para quem durante dois meses praticamente só teve uma disciplina, vamos bem lançados!

Valha-me o facto de a aula de 1, 2, 3 e 4 de Maio me agradar muitíssimo. Vou sujar e recalejar as mãos num sítio que me agrada bastante. E é só por isso que muito provavelmente me vão apanhar lá no dia 1º de Maio.


E também não vou tecer comentários acerca das modalidades do pagamento de propinas. Internet, multibanco, qual quê. O pagamento é presencial para não haver duvídas.

E agora não vou mesmo tecer mais comentários nenhuns.

Haja paciencia.

quinta-feira, abril 24, 2008

Orgulho

Do meu Avô, M. L., que arriscou a segurança e o bem-estar da sua família, para acolher na sua casa homens e mulheres que lutavam na clandestinidade contra a ditadura. O meu avô, que até aos últimos meses de vida manteve o mais puro e genuíno sentido de humor que alguma vez conheci. O meu avô que me carregou às cavalitas na primeira manifestação a que me lembro de ter ido, num 1º de Maio, em Évora.

Da minha avó N., que da pouca comida fazia muita para que quem ficava lá em casa, escondido, não passasse fome. Que comprou, de propósito, um grande tacho para poder cozinhar, ás vezes para mais de dez pessoas e que disse aos vizinhos que o tacho era para fazer os doces de Carnaval. A minha avó que me ensinou a fazer flores de papel para enfeitar as ruas da vila aquando do 25 de Abril e do 1º de Maio.

Da minha mãe, A., que emprestava o seu quarto para que nele se pudessem fazer as reuniões clandestinas e que desde muito cedo tinha como principal missão vigiar a casa, não fosse aparecer a GNR, ou até mesmo algum vizinho. A minha mãe que, alguns anos depois de vivermos em liberdade, estremecia e nos mandava entrar em casa, sempre que a GNR passava por perto.

Do meu pai, M. A., que não teve infância porque começou a trabalhar, no duro, aos oito anos. O meu pai, a quem roubaram a juventude, numa guerra estúpida e desnecessária. Guerra essa que hoje, mais de 40 anos depois de ter voltado, ainda não gosta de falar.

Do meu tio, J. A. a quem, desde quase bebé ensinaram que, se alguém perguntasse se tinha visitas em casa, respondesse que eram os tios que estavam de visita. O meu tio que perguntava quando é que os “tios” voltavam, quando passava algum tempo sem haver reuniões ou pessoas escondidas em casa dos meus avós.

Do meu avô, A. que teve uma vida muito dura mas que conseguiu criar, e muito bem, com a ajuda das suas irmãs A. e M. J., três filhos.

Da minha avó, M. A., que morreu cedo demais, decerto por falta de assistência médica, deixando três filhos muito pequenos.

Do meu tio, J. A. S, preso e torturado pela Pide. O meu tio, que contrariando os “avisos” da GNR, decidiu participar na manifestação em frente à Câmara, e onde acabaria por ser assassinado.
Dos seus filhos, A. e F., que perderam o pai cedo demais e dos seus netos que nunca tiveram a oportunidade de conhecer o avô maravilhoso que decerto teria sido.

Da minha tia, J., que poucos dias depois da revolução se despediu da casa onde trabalhava para poder finalmente ter a liberdade de participar nas festas, nos comícios e nas manifestações, porque a patroa era anti-revolução e nunca a deixaria participar neste tipo de acções.

Orgulho de todos eles e de quantos lutaram para acabar com a ditadura retrógrada que governou o país durante 48 anos.

A eles devo tudo o que fui, sou e serei. E a eles devo também a oportunidade de poder escrever livremente neste blog.

Porque o 25 de Abril é deles e de todos nós.

Bom 25 de Abril!

Porque é Abril

hoje trabalha-se a ouvir Zeca Afonso


O que faz falta é animar a malta...

quarta-feira, abril 23, 2008

Há dias no mês que deveriam ser simplesmente abolidos.

A espera continua

terça-feira, abril 22, 2008

Porque é Abril e não podemos esquecer

"A minha mãe continuou a ceifar. Andava já com os pés em ferida e os colegas, com pena, juntaram-se para lhe comprar uns sapatos. Passámos tempos muito difíceis. Íamos para a bicha do pão e do toucinho e quando chegava a nossa vez já se tinham esgotado os mantimentos. Vínhamos embora de mãos vazias depois de tanto tempo de espera. Passámos muita fome. A minha mãe chegou a pedir pelos montes de pessoas conhecidas. Muitas vezes cozinhava tomates com sebo de vaca, sem qualquer tempero"

"Tinha sete anos quando comecei a ir à escola em S. Mateus. Fazia mais de uma hora de caminho. Mesmo no inverno levava pouca roupa. Ia muitas vezes descalça ou com uns tamancos de sola de pau, que me magoavam os pés. O único agasalho que tinha era um xaile preto, feito dos restos de outro xaile da minha mãe. No verão levava um chapéu de palha. Tinha então apenas dois vestidos que usava de Verão e de Inverno. Um era azul às riscas mais claras e outro era axadrezado de vermelho, amarelo e branco. Por baixo, usava uma camisinha e uma combinação de flanela. Nesse tempo nunca tive um casaquinho de malha, nem sabia o que isso era."

"No triste dia 23 de Junho de 1958, fui à manifestação em frente à camara com o meu pai. Pouco antes, a GNR avisara-o para se ir embora. Quando me contou, perguntei-lhe porque não ia e ele respondeu-me que se os principais responsáveis pela concentração se retirassem os outro podiam perder a coragem, por isso ficaria até ao fim, para o que desse e viesse. Foi a última vez que falei com ele.
(...)
Quando começaram os tiros, os moradores das casas vizinhas abriram as portas para recolher as pessoas. Na casa em que me refugiei disseram-me pouco depois, que o meu pai tinha sido atingido, e estava morto ou gravemente ferido. Já não o cheguei a ver"

"Havia crianças carenciadas como eu que tinham direito a leite e queijo da Caritas e a roupa pelo Natal. Mas a mim nunca me deram nada. A desculpa era o facto de ser filha única, mas a verdadeira razão era a actividade política do meu pai"

"Regressavam dos interrogatórios com os olhos inchados, com o corpo todo pisado, muito maltratadas e quase mortas. Então protestávamos, pedíamos a presença de um médico ou de um enfermeiro e procurávamos lavar-lhes as feridas e ajudá-las dentro do possível. Algumas, depois da tortura do sono, não conseguiam durante muito tempo voltar a dormir"

"Quando fiz a 4.ª classe, uma professora da escola onde fui fazer exame, chegou a ameaçar-me de que ia reprovar, porque como não era baptizada, não era nada"

" Conheci muito bem o Germano Vidigal, um destacado sindicalista. Era calmo, delicado, pouco falador. Quando a G.N.R o prendeu, foi torturado até à morte. Um vizinho do posto da guarda, o Marques "Coxo", apesar de não ser propriamente um oposicionista, estava revoltado. Passava as noites à janela a pedir que alguém acabasse com aquele sofrimento. Outras vizinhas, apesar de fechadas dentro de casa, ouviam-lhe os gritos. As pessoas que o viram depois de morto passaram a informação de que lhe haviam esmagado os testículos."


Excertos do livro "A Memória das Mulheres. Montemor-o-Novo em tempo de ditadura", coordenado pela professora Teresa Fonseca e em que participaram várias mulheres da minha família.

Recordações

das escavações no Castelo 1991 e 1992




Eu escavei no silo que aparece nos 1.28 minutos (isto não está bem escrito, pois não?)

Aos 2.46 minutos aparece o silo do interior da Igreja de S. Tiago celebrizado pelo professor José Hermano Saraiva aquando da sua passagem por Montemor, pouco tempo depois. Disse o professor que este silo era, e passo a citar, "um buraco feito pelos arqueólogos à procura de níveis pré-históricos que afinal não existiam". O pior é que esta não foi a sua única pérola. Pelo que me lembro, e já é pouco, o professor conseguiu mostrar o que de pior havia em Montemor. Foi um terror!

Há pouco mais de dois meses, tive a honra de acompanhar parte das filmagens do professor no seu regresso a Montemor. Aparte a historieta de quem jura que viu a moura encantada passear pelo castelo nas noites de lua cheia e dos supostos milagres que a senhora da visitação faz aos estudantes, até gostei do programa. Com grandes elogios à recuperação da Igreja de S. Tiago, mostrou e explicou a simbologia da peça da mão de Fátima, talvez a peça mais importante encontrada até agora nas escavações do Castelo, uma vez que comprova a sua ocupação durante o periodo islâmico. Falou da importância da Barragem dos Minutos, enfim, redimiu-se do péssimo serviço que fez a Montemor há mais de 10 anos atrás.

O que é certo é que o senhor tem definitivamente o dom da palavra

E eu só gostava de chegar à idade dele nas mesmas condições físicas e sobretudo mentais. (À excepção das sobrancelhas claro, mas isso é fácil de resolver)

E o que eu gostava também era de estar a estudar Sig em vez de estar para aqui a blogar.

Mas agora vou dormir que se faz tarde!

segunda-feira, abril 21, 2008

O melhor de trabalhar quase no campo, é estar aqui sentada ao computador e ouvir lá fora os pássaros cantar.

O pior é sair aos claustros e ter sérias hipóteses de ser atacada por cocó de pombo.

sábado, abril 19, 2008

Operação limpeza concluída

Baaahhhhhhh!!!!!

Definitivamente não nasci para ser dona de casa. Dona da casa sim, mas não dona de casa.

Não. Não me sinto mais feliz nem menos deprimida. Apenas mais cansada e, sem dúvida, aliviada. Pelo menos por uma semana.

O meu sonho era ter uma enorme casa de campo com um batalhão de serviçais, uma governanta e um mordomo.

Vai sonhando vai, que o ordenadozito de função pública só dá mesmo é para sonhar!
Como desde ontem me tenho estado a sentir um poucochinho deprimida, mercê de seis horas de aulas de sig, vou seguir o conselho da minha amiga Filomena e vou limpar e arrumar a casa.
Pode ser que assim a depressão passe. Ou não!

quarta-feira, abril 16, 2008

Mental Note

Nunca, mas mesmo nunca mais, deixar a janela e a persiana do quarto abertas simultaneamente durante o dia.
À 1.30 da manhã podemos ter uma enorme vespa a voar alegremente por cima das nossas cabeças.

sexta-feira, abril 11, 2008

E entrámos na fase Dufine

Que seja o que a Deusa quiser

quarta-feira, abril 09, 2008

Relembrando o Heródoto4

O Museu Britânico: Dados para uma controvérsia




O museu britânico foi criado em 1753, na sequência da doação, por parte de Sir Hans Sloane, da sua colecção de objectos arqueológicos, herbário e biblioteca à nação britânica. Este pode assim ser considerado o mais antigo museu nacional do mundo.
No seu interior encontra-se a melhor exposição de objectos arqueológicos do mundo. No entanto, poucas dessas preciosidades são realmente originárias das ilhas britânicas, o que se por um lado as colocou a salvo de guerras e pilhagens, por outro, encontram-se totalmente fora de contexto, não sendo mais que meros objectos estáticos, integrados num local que não é o seu.
Discute-se actualmente se estes objectos devem ou não ir para o seu país de origem, quando esse país garante a salvaguarda e segurança desse património, como é actualmente o caso do Egipto. Mas pense-se o que teria acontecido ás obras de arte sumérias se tivessem sido devolvidas ao Iraque antes da guerra!!!

sexta-feira, abril 04, 2008

Ai que emoção

há no YouTube um vídeo da Amália em Montemor.

Mas onde é que eu estava nessa altura, que até nem foi assim há tantos anos atrás.

Às vezes apatecia-me ter mais dez anos. Só mesmo para poder ter tido o previlégio de ouvir ao vivo duas pessoas: Amaliá Rodrigues e Zeca Afonso.

Bacitracina, onde é que nós estávamos nesta altura????

Menção honrosa para o Sócrates

Experimentem visitar o link do Público para o prémio de fotojornalismo Visão/Bes.
E o que é que vão ver?????

Não uma, não duas, não três, mas sim 9, NOVE, menções honrosas para fotografias do Sócrates. Eu não me dei ao trabalho de contar, mas acho que todas as menções honrosas para a categoria de Quotidiano são como ele.

Mas o que é isto?

Eu sei que o quotidiano deste país está completamente nas mãos das políticas e dos políticos deste senhor, mas caramba, não haverá nada mais interessante para fotografar?

quinta-feira, abril 03, 2008

porque este blogue tenta ser um blog sério

não posso escrever aqui as palavras feias e ideias muito porcas e algumas assassinas que me vêm à cabeça cada vez que penso no governo que nos desgoverna.

Era um empregozinho se faz favor, Sr. Ministro

Uma vez que o Excelentíssimo sr Ministro da Ciência afirma sapientemente que não existe desemprego entre os licenciados, venho por este meio solicitar ao Sr. Ministro da Ciencia um emprego aos meus amigos. Este emprego terá obviamente que ser dentro da área profissional em que os meus amigos se formaram. A remuneração terá que ter em conta as suas qualificações académicas. Terão que ter direito a férias, subsídio de férias e 13.º mês. Um emprego implica contrato, por isso os meus amigos não passarão recibos verdes. A segurança social será obviamente paga pelo empregador, bem como todos os impostos. Penso que não é pedir muito.

O Sr. ministro não deve conhecer nenhum jovem licenciado desempregado, porque todos os que ele conhece devem estar confortavelmente empregados no ministério que dirige e a ganhar uns salariozinhos bem chorudos.

Pois então faça favor de arranjar também um emprego a estes meus amigos que bem merecem:

A.H. - licenciado há três anos - desempregado
P.C. - licenciado há cinco anos - desempregado
N.S. - licenciado há três anos - desempregado
U.G. - licenciado há seis meses - desempregado
N.S. - licenciado há sete anos - desempregado
Q.L. - licenciado há cinco anos - desempregado
V. P. - licenciada há um ano - desempregada
I.C. - licenciada há um ano - desempregada