quinta-feira, maio 01, 2008

O que eu gosto mesmo

é de escavar.

O que eu também gosto muito, mas não tanto como escavar, é dirigir uma escavação.

A sensação de chegar a uma sondagem e poder escavá-la o dia inteiro sem interrupções é maravilhosa.
Dirigir uma escavação com várias sondagens a serem escavadas ao mesmo tempo e com uma equipa de 20 a 30 pessoas é complicado, cansativo e tira-me muitas vezes o prazer de escavar.
É a sensação de não se pertencer a lado nenhum.
Posso começar a escavar numa sondagem, mas depois chamam-me da outra, e depois faltam sacos, ou fichas, ou o material não está em condições, ou tenho de ir buscar alguém, ou, menos vezes felizmente, levar algum para o hospital. E quando se chega à sondagem onde estávamos já lá está mais alguém a escavar o nosso buraquinho, ou aquilo que estávamos a escavar já foi escavado. Vamos depois para outra sondagem e a história repete-se.
Eu costumo muitas vezes dar nomes ás sondagens pelas pessoas que coordenam a escavação dessas sondagens. A sondagem do M., a Sondagem do A, do U. da V. e por aí adiante. E a minha sondagem qual é? São todas e não é nenhuma.
Depois é a questão da responsabilidade. Dos voluntários que têm que ter condições mínimas para escavar, dos OTL. que tem horários diferentes e de 15 em 15 dias tem que se fazer relatório, dos cadernos de campo que têm que ser impreterivelmente feitos todos os dias e por vezes demora-se mais de duas horas, é a alimentação, dormidas seguros, a preocupação constante se falhou o registo de informação importante e toda a imensa logística que implica fazer uma escavação arqueológica.
È evidente que não estou sozinha em todas estas tarefas, mas é muito desgastante para todos nós.
E perdem-se tantas coisas giras que acontecem numa escavação. Tanta coisa e tantas histórias que nos passam ao lado e que depois ao longo do ano se vão sabendo. Tantos amores de Verão…

Esta conversa toda para dizer que o que eu gosto mesmo é de escavar, sobretudo se for à sombra como hoje foi.
Este ano só vou marcar sondagens à sombra, quero lá saber.
O sol não mata mas queima e bem.
Não que eu me queime que eu sou fanática de protector solar factor 50+. E depois uma coisa que me irrita e me mexe com o sistema nervoso é certas pessoas andarem ao sol, sem camisola e sem protector solar. Cambada de irresponsáveis…
E os joelhos que não querem estar dobrados e as malditas vertigens. Sim porque isto de ter um quarto de século tem muito que se lhe diga...

Hoje, no 1º de Maio, cheguei a casa cansada, suja, com o corpo pesado mas com a alma leve. Não, não estive a trabalhar. Estive a divertir-me a fazer aquilo que realmente gosto.

Eu já disse que gosto muito de escavar???

Sábado e Domingo há mais.
Amanhã há Sig. Ai!!!!!!

2 comentários:

bacitracina disse...

Se gostas assim tanto de escavar, o meu avô tem lá uma hortazinha... tás à vontade!!!
Quanto ao protector 50+ tb sou fã e acho mto bem... 2 dias de praia com 0+ vim de lá branquinha tal qual como fui... mas protegida!
Agora até já fazem 50+ em spray, o que significa que podes ir atrás desses malandros que escavam sem camisa e dar umas bombadas... eles não dão por nada e só lhes faz bem!
E isso de ter um quarto de século, hummm quem é que tu pensas que enganas... toda a gente sabe que tu já fizeste os 26!!! lol
Qdo chegares á minha idade é que vais ver como é... contagem decrescente para os 30, essa bonita idade. Já só faltam 24 dias!

MonteMaior disse...

Amori

Eu não disse que gosto de cavar....
As hortas cavam-se. Os sítios arqueológicos escavam-se.

Estás enganada com a minha idade. É só no próximo ano é que faço os 26 anos. Prometo que para o ano faço 26 anos. Mas por enquanto deixa-me lá estar com os meus 25 anos ok?