sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Ontem

era para ter escrito aqui que apesar de adorar a minha profissão, há momentos em que quase a detesto.
Mas hoje venho aqui escrever que o previlégio de escavar e conhecer o castelo ultrapassa todos os momentos menos bons.
E parece que é sempre assim. Quando estou com muito poucas expectativas e às vezes até um pouco farta, aparece alguma coisa, mesmo que pequena, que me faz voltar a sorrir e com uma vontade doida de escavar, escavar, escavar!!!

E depois de mais um frente-a-frente à tarde dou graças a todos os deuses por não ter que fazer isto todos os dias.

Há pessoas que despertam em nós os piores instintos. IRRA!!!

1 comentário:

antonio disse...

Será que uma grande parte da beleza do castelo está no que nao se vê?

"Ele estava cansado. Sentou-se. Sentei-me junto dele. E, após um silêncio, disse ainda:

- As estrelas são belas por causa de uma flor que não se vê...

Eu respondi "é mesmo" e fitei, sem falar, a ondulação da areia enluarada.

- O deserto é belo, acrescentou...

E era verdade. Eu sempre amei o deserto. A gente se senta numa duna de areia. Não se vê nada. Não se escuta nada. E no entanto, no silêncio, alguma coisa irradia...

O que torna belo o deserto, disse o principezinho, é que ele esconde um poço nalgum lugar.

Fiquei surpreso por compreender de súbito essa misteriosa irradiação da areia. Quando eu era pequeno, habitava uma casa antiga, e diziam as lendas que ali fora enterrado um tesouro. Ninguém, é claro, o conseguira descobrir, nem talvez mesmo o procurou. Mas ele encantava a casa toda. Minha casa escondia um tesouro no fundo do coração...

- Quer se trate de casa, das estrelas ou do deserto, disse eu ao principezinho, o que faz sua beleza é invisível!"

O Principezinho, cap. XXIV.