quarta-feira, abril 26, 2006

Devaneios de uma arqueóloga (pouco experiente) às voltas com um complicado relatório de escavação

ou

Problemáticas acerca da existência da Rua B e da sua interligação com a Rua A e com as restantes estruturas à sua volta



A Rua B está em pleno funcionamento. Abre-se a Rua A e fecha-se o acesso entre as duas ruas através da construção da Estrutura A.

A Rua B deixa de funcionar enquanto rua e transforma-se num beco, ou num compartimento de uma habitação, devido à existência de uma janela na Estrutura A que existe entre as duas ruas.

Abre-se uma fossa no final da Rua B e junto à Estrutura A. Mas a Estrutura A já devia estar feita antes da construção da fossa devido à existência de uma canalização embutida na Estrutura A através de uma telha e da existência de dois tijolos que fazem a ligação entre o final da canalização e o início da fossa.

A Estrutura C e o próprio Compartimento 3 foram construídos depois ou durante o entulhamento da fossa. A Estrutura C divide a fossa ao meio e assenta directamente sobre a fossa.

A própria Rua B adaptou-se à existência da fossa. O rego central da rua faz um desvio na direcção da fossa e finaliza com uma telha invertida que canalizaria as águas pluviais para o interior da fossa.

A existência de uma janela na Estrutura A quererá dizer que nalgum momento a Rua B deixou de servir como rua e começou a servir como interior de uma habitação. Mas se sim, que sentido faz a existência de uma fossa no interior de uma casa.

Terá a janela sido aberta numa altura em que a fossa estava desactivada e o seu topo dava acesso a uma casa de habitação. E que sentido faria a entrada de uma habitação que ficaria a um nível muito mais baixo da Rua B com uma fossa desactivada à porta cujas canalizações das Ruas A e B ainda estavam em funcionamento. Em caso de cheia as águas pluviais entrariam para dentro de casa, porque o acesso ao interior da casa era feito através de três degraus.

É certo que a Rua B teve em vários momentos obras de beneficiação e adaptação. A existência de espinhado com tijoleira em alguns pontos da rua não faz sentido enquanto rua exterior de passagem pública.

A construção do Muro J implicou a destruição de parte da rua B, sendo ainda visíveis os vestígios da vala de fundação do muro através de falhas da calçada.

No entanto a existência do derrube classificado como Estrutura D parece ter ocorrido antes da construção rua, porque a calçada parece adaptar-se perfeitamente ao derrube. Pode ter acontecido um arranjo da rua já depois do derrube ter ocorrido o que também não faz muito sentido.

Porque é que a mim só me calham coisas difíceis???

3 comentários:

Anónimo disse...

Olha Manela calha a todos... ou como alguém diria com o mal dos outros pode a gente bem!!! Boa sorte para o relatório.

Joaquim Baptista disse...

Que bom aparecerem coisas dificeis. E que saudades já tenho de escavar. E achar coisas dificeis. Abraço

trainzeiro disse...

Para se conseguir fazer esta descrição, é porque o pior já passou.